Ansiedade e álcool Ansiedade e álcool

Ansiedade e Álcool: Dois Ingredientes Que Não Combinam

Indice

Vamos começar falando francamente: nem toda a ansiedade é causada pela ingestão de álcool, mas a ansiedade pode ser muito aumentada com o consumo de bebidas alcoólicas, e podem também gerar outros transtornos que podem ter a ver com as crises de ansiedade.

Posto isso, não é porque as bebidas alcoólicas não são as causadoras da ansiedade e dos males decorrentes que elas são o remédio para isso. Vamos destruir um mito: bebidas alcoólicas a solução para os transtornos de ansiedade, estresse e outros problemas decorrentes. Aquele happy hour, que parece inocente modo de relaxar, pode esconder um problema muito maior e tomar uma cerveja (ou uma dúzia) não vai resolver, mas sim agravar o problema.

Inscreva-se para ver o restante da Materia

Loading...

É claro que estamos falando aqui da ingestão regular de bebidas alcoólicas. E ingestão regular é algo como beber mais de uma vez por semana, especialmente quando esse “mais de uma vez” é beber quase todos os dias e quando é feito em excesso. Isso pode ser uma das causas para o aparecimento da ansiedade, e também uma das causas para o seu agravamento.

Embora a ingestão de um copo de vinho por dia seja benéfica, prevenindo doenças e até mesmo ajudando a relaxar, o consumo de algo superior a esse copo de vinho, ou a opção por outro tipo de bebidas pode causar uma situação que não é a esperada. Pode parecer exagerado, mas o álcool é uma droga legalizada. Ela age como um sedativo e depressivo, podendo ter um efeito calmante e relaxante, mas também é uma toxina que causa estragos físicos e psicológicos.

Bebidas alcoólicas alteram os níveis de serotonina, que, para quem não sabe, é o que faz as pessoas terem sinais de “tristeza” ou “alegria” para ser mais simples no modo de falar. Mas a serotonina em baixos níveis afeta os neurotransmissores, desencadeando sintomas de nervosismo, inquietação e ansiedade.

Existem alguns sinais que podem ser percebidos após a ingestão de bebidas que são sinais para saber se o álcool é ou não um dos motivos para causar transtornos de ansiedade. Esses sinais podem mostrar um sinal de que o álcool é o culpado pela ansiedade, mas mais que isso, pode mostrar se a pessoa está caindo no vício, ou se a pessoa sofre com o alcoolismo.

Sinais de Alerta:

  • A Pessoa se Preocupar Com o Que Fez na Noite Anterior, Mesmo Sabendo que Nada de Errado Aconteceu;
  • Pessoa tem Ataques de Pânico, Que se Intensificam e se Tornam Mais Frequentes com a Ingestão de Álcool;
  • Pessoa que tem Comportamentos de Risco Quando Está Alcoolizada (Dirigir Bêbada, Fazer Sexo Inconsequente), Tendo Crises de Ansiedade Quando Está Sóbria.
  • Pessoa Não Lembra o que fez na Noite Anterior, Tendo Brancos e Criando uma Obsessão com Relação Àquilo que Esqueceu;
  • Beber às Escondidas dos Amigos e Familiares, ou só se Reunir Para Beber com Pessoas Que Não Representam um Obstáculo à Bebedeira;
  • Diminuição da Tolerância ao Álcool. Isso se dá Quando a Pessoa Começa a Beber para se Sentir Relaxada. Com o Tempo e o Aumento do Consumo essa Sensação Desaparece e a Pessoa Ingere cada vez Mais Bebidas para ter o Relaxamento que Conseguia, Mas Piora o Transtorno de Ansiedade.

O Álcool e Ansiedade: Dois Ingredientes Que Não Combinam


Um relatório publicado em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou um crescimento do quadro de ansiedade e depressão no mundo. Segundo o órgão, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 18,4% no número de pessoas diagnosticadas com “desordem depressiva”.


Em estudos mais recentes da OMS, o Brasil lidera, sendo o maior em casos de ansiedade em todo o mundo (5,8% dos brasileiros sofrem com o transtorno), sendo o quinto no mundo em casos de depressão (12 milhões de pessoas no país têm depressão).


Para a OMS muitos desses casos estão ligados à ingestão ou dependência de álcool (alcoolismo), uma doença crônica e multifatorial, que gera um conjunto de comportamentos e sinais de alerta, como suor, tremores e ansiedade quando a pessoa está sem o álcool).


A ocorrência simultânea desses transtornos é mais comum do que se imagina. Estimativas indicam que, no mínimo, um em cada cinco pacientes com transtorno de ansiedade faz consumo danoso e excessivo de álcool. E o contrário também acontece: Pessoas com problema de alcoolismo também apresentam quadros de ansiedade, mudanças de humor, comportamentos erráticos, depressão e outros transtornos. Estudos psiquiátricos e epidemiológicos mostram que ter um diagnóstico relacionado à ansiedade ou ao álcool aumenta o risco potencial de desenvolver o outro transtorno, ou seja, um pode levar à piora do outro.


Álcool e pandemia: combinação perigosa

Os transtornos de ansiedade e depressão cresceram exponencialmente durante a pandemia, e isso não é segredo para ninguém, afinal estamos diante de uma doença mortal, com muitas incertezas sobre todas as coisas que acreditamos como importantes.

A falta de emprego, a instabilidade econômica, a crise sanitária e um vírus que nos faz andar o tempo todo com os rostos cobertos, fazendo assepsia a cada minuto, sem poder ter contatos mais diretos com familiares e amigos fizeram aumentar os casos de depressão e de ansiedade.

Uma pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Nova York mostrou que pessoas com transtornos de ansiedade e depressão relataram aumento no consumo de álcool durante a pandemia de Covid-19.

O estudo mostra que o consumo de bebidas alcoólicas aumentou muito entre os jovens, mas que os adultos mais velhos com ansiedade e depressão tiveram crescimento acentuado no uso prejudicial de álcool para tentar lidar com o estresse.

Dos 5.850 entrevistados, 29% relataram aumento no uso de álcool durante a pandemia, enquanto 19,8% relataram beber menos e 51,2% relataram nenhuma mudança. Pessoas com transtornos depressivos tinham 64% mais probabilidade de aumentar a ingestão de álcool, enquanto aqueles com ansiedade tinham 41% mais probabilidade de fazê-lo.

Vinho reduz ansiedade, é antidepressivo e não é pelo álcool

Há provas de que algumas bebidas podem ter efeito relaxante e podem ajudar a combater o estresse, a ansiedade e a depressão, e não tem nada a ver com o álcool. Quem bebe vinho sabe que a bebida tem um efeito relaxante. Mas, de acordo com estudo da Universidade de Buffalo (EUA), o composto resveratrol encontrado na bebida é capaz de diminuir sintomas de ansiedade e depressão, induzidos pelo estresse. Essa substância, encontrada na pele e sementes das uvas mais escuras é capaz de inibir a enzima causadora de distúrbios emocionais.


Como se vê, o álcool não é o que causa alívio, mas sim outros componentes que podem ser encontrados nas bebidas sem álcool. Os Vinhos Desalcoolizados têm o resveratrol além de outras substâncias que fazem a pessoa ter mais saúde, e ainda sair dos efeitos nocivos do consumo de álcool, que não pode ser administrado indiscriminadamente em nenhum transtorno emocional.

Referências

GAVIN, R. S.; REISDORFER, E.; GHERARDI-DONATO, E. C. da S.; REIS, L. N. dos; ZANETTI, A. C. G. Associação entre depressão, estresse, ansiedade e uso de álcool entre servidores públicos. SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), [S. l.], v. 11, n. 1, p. 2-9, 2015. DOI: 10.11606/issn.1806-6976.v11i1p2-9.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/98745 . Acesso em: 2 set. 2022.

Castillo, Ana Regina GL et al. Transtornos de ansiedade. Brazilian Journal of Psychiatry. 2000, v. 22, suppl 2 [Acessado 2 Setembro 2022] , pp. 20-23. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462000000600006. : . Epub 24 Jan 2001. ISSN 1809-452X

. SANTOS, Ana Beatriz Correia dos. O papel que desempenha o álcool na gestão da ansiedade e do stress nos indivíduos alcoólicos: um estudo em contexto terapêutico. Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa. v.1, n.1, p. 26, 2017. Disponível em: http://hdl.handle.net/10284/6299

Silva, Érika Correia; Tucci, Adriana Marcassa. Correlação entre ansiedade e consumo de álcool em estudantes universitários Psicologia: Teoria e Prática, vol. 20, núm. 2, 2018 Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=193860123003

SILVA, L. V E Rueda et al. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. São Paulo: Revista Saúde Pública, abril 2006.

Chaloupka FJ, Grossman M, Saffer H. The effects of price on alcohol consumption and alcohol-related problems. Alcohol Res Health. 2002;26(1):22-34

GUERRA, A.; GARCIA, L. O.; BECKER, P. Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2020. Organizador: Arthur Guerra de Andrade. – 1. ed. – São Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool- CISA, 2020. 152 p.; ilustrações; gráficos; tabelas; fotografias. ISBN 978-65-990384-0-2.

ROTH, T.; MEIRA, E. de; KOLITSKI, M. F.; KOSAK, J. M.; KLOSTER, E. de F.; BENINCÁ, S. C.; MAZUR, C. E. Loss in nutrient absorption by alcohol ingestion: a review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 1, p. e190911910, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i1.1910.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/1910.

Santana, Cleiton José; Oliveira, Magda Lucia Felix de; Modesto, Mirella Machado Ortiz; Guedes, Marcia Regina Jupi ; Lima, Paola Kallyanna Guarneri Carvalho de; Santos, Giovana Alves. Reinternações e óbitos decorrentes de complicações associadas ao abuso de álcool. Universidade Estadual de Maringá. Rev Rene, ISSN-e 2175-6783, Vol. 23, Nº. 0, 2022.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Abrir bate-papo
Quer comprar bebida sem Álcool?